Eu: Vou ter agora com o Eddie.
Mimi: Ah, vocês gostam tanto um do outro.
Deixei a Mimi que, sonhadora, continuou o caminho aos saltinhos... De certeza que pensava ainda naquele beijo com um ligeiro aroma a chocolate quente. É tão bonito pensar que as «histórias de amor» realmente existem e que não precisam de ser fruto da nossa imaginação...
Prossegui o meu caminho, com o coração aos saltos, cheia de saudades da única coisa estável na minha vida... Só queria ver-te e abraçar-te de novo, sussurrar-te ao ouvido que te amo e que quero ficar contigo para sempre... No entanto, ao chegar à Brotero senti um friozinho a percorrer-me a espinha e a gelar aquela parte do coração onde tu, só tu, permaneces. Lembrei-me da Daniela. Lembrei-me do dia em que ela chorava desalmadamente por ter perdido aquele que mais amava... Lembrei-me das palavras dela - «Senti um frio... mas um frio que vinha de dentro...afinal não era frio... era um vazio... solidão.» e comecei a ficar com medo. Mas não, nós nunca íriamos sentir esse frio, pois não?! Claro que não... as promessas que um dia fizemos um ao outro eram para serem cumpridas.
Olhei pela janela e do corredor. Estavas ao fundo dos campos. Com a tua camisola vermelha que eu adoro mas... não estavas sozinho. «Quem é ela?», pensei.
(Estranho... conseguia ver a tua cara mas a dela estava desfocada.
A medo, continuei a andar em frente com esperança que me abraçasses e me apresentasses como «tua namorada».
Eu: Olá!!...
Tu: Catarina, vai-te embora... Eu já te digo alguma coisa daqui a pouco. Agora deixa-me acabar de falar com ela...
Eu: O quê?!... Ok...
Mas o que se tinha passado ali?!... Nem um beijo me tinhas dado. Estavas frio, gelado como o meu coração desde o momento em que tinha entrado na Brotero.
O frio percorria-me toda. A minha alma tinha gelado. Eu tremia, não sei se de dor se de frio (por não te ter?...).
Com as lágrimas a escorregarem pela cara, sentei-me nas escadas à espera que me dissesses alguma coisa. A minha vontade era de desaparecer... Porquê?! O que é que estaria a acontecer connosco agora?...
Tu: Ah, ainda bem que te encontro... Pensava que te tinhas ido embora.
Sentaste-te ao meu lado e fitaste o teu olhar numa folha seca que se deixava voar devido à brisa que se fazia sentir. Respiraste fundo, muitas vezes, como fazes quando estás nervoso.
Tu: Temos que falar... Sinceramente, nunca pensei que este dia chegasse... muito menos assim tão rapidamente.
*silêncio. Um silêncio que dói e eu... eu não aguento mais esta espera.*
Tu: Estou apaixonado Catarina... Apaixonado por outra pessoa.
Eu: Não sei o que te dizer...
(fico feliz por ti?!...)
Tu: A nossa relação chegou a um ponto em que nada faz sentido... Parece que... não sei... Parece que a única coisa que nos une é o respeito e a amizade que sempre nutrimos um pelo outro. E não é isso que procuro... Eu quero outro tipo de relação agora. Não me sinto atraído por ti... Tu és bonita, és linda mesmo, uma pessoa expectacular que me fez olhar para a vida de um modo totalmente diferente e eu agradeço-te por isso mas, agora, quero usar tudo aquilo que me ensinaste com outra pessoa, com a pessoa por quem me apaixonei.
Quero que continuemos amigos, pode ser?!... Quero continuar a passear contigo debaixo das estrelas, quero continuar a ir tomar café contigo ao Bigorna numa hora em que o único movimento é o do nosso coração, quero continuar a poder ver-te... mas não quero continuar a nossa relação. Desculpa Catarina.. eu sei que não mereces isto. Desculpa mesmo...
Se calhar o melhor é nos afastarmos um pouco.. até conseguirmos esquecer tudo o que fomos até aqui. O que achas?!
Eu: *silêncio*
Tu: Porque é que não dizes nada?!... Ok, eu compreendo... Olha, dá os meus cd's ao Mário. Pode ser?!... Não chores mais... Por favor...
Eu: Queres mais alguma coisa tua?!...
Tu: Não me leves a mal mas dá-me o cãozinho preto que um dia te dei... Ele é muito especial para mim, já o tenho desde puto...
Eu: Eu dou tudo ao Mário... Adeus Eduardo... Gostei de te conhecer.
Levantei-me e deixei-te ali. Perdido nos teus sonhos com a tua nova paixão.
Apeteceu-me atirar-me para o meio da estrada. Pôr o fim a este mar de ilusões mas não consegui...
Cheguei a casa, cansada de perguntas, cansada de me questionar do porquê de tudo ter acabado assim... E eu que pensava que nós nunca teríamos «fim»...
Peguei numa caixa... Meti tudo o que era teu lá dentro... As tuas fotografias, os teus peluches, as tuas cartas, os teus cd's, a rosa (agora seca...) que me deste num jantar, a palhinha do Bigorna e a flôr de papel que me deram no McDonald's (ainda me lembro das bocas que me mandaste...)... Tudo o que era teu, tudo o que me lembrava de ti meti naquela caixa.
Selei-a e escrevi «Eduardo Bernardes»... escrevi também a tua morada.
Se não me querias, porquê continuar a manter vivas as tuas lembranças?...
Enviei-te tudo pelo correio, esperançosa que tudo chegasse em condições. Esperançosa que te sentisses arrependido... Esperançosa que nunca me deixasses morrer dentro de ti...
Adeus...
«Goodbye is forever.»
E foi este o meu sonho... Eu não quero que se torne realidade meu amor... Nunca.
p.s. -> Quando era pequena costumavam dizer que se contasse os sonhos eles nunca se iriam realizar... Espero que isso seja verdade.
Foi assim que eu passei a noite de ontem a chorar. A chorar por esse frio que já senti tantas vezes, a chorar por pensar ter-te perdido para sempre... A chorar porque acordei sem saber se tinha sido verdade ou apenas um sonho. Mas não... olhei para o lado e estavamos nós naquela fotografia. Tu a olhar para mim apaixonado... eu a olhar para o meu mundo.
E eu amo-te Eduardo, amo-te desesperadamente... Embora o medo, esse nunca se vai embora.
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