29 de março de 2008

Seria tão mais fácil se a culpa fosse de outra pessoa qualquer. É sempre mais conveniente e menos doloroso culpar outra pessoa pelos nossos erros, assim como é mais fácil criticar sempre os outros em vez de olharmos para nós próprios.

A dor, o coração arranhado, amordaçado, espezinhado seria mais suportável, porque não teríamos sido nós – masoquistas – a magoarmo-nos a nós próprios e, de seguida, magoado outros, provavelmente com mais força ainda.

E é, efectivamente, tão mais fácil deixar que a raiva se sobreponha à tristeza, à vontade de lutar. Porque se calhar as coisas não eram aquilo que pareciam… Nada é aquilo que parece. Só é preciso acontecer alguma coisa para tudo se perceber.

Só sei ser contigo.

28 de março de 2008

'We left so many words unspoken.
You walked away with my heart,
And I cried, I cried.
Heaven knows how much I cried.
Could you find the strength within you,
To give me one more try.
I thought that I could go on without you.
Guess what? I was so wrong,
And I realized how much I really love you,
And it's been far too long.
I know you cried, I know you cried.
Heaven knows how much you cried.
But can you find the strength within you,
To give me one more try.
So come on, don't I get my one mistake.
Let's forget about yesterday for tomorrow,
I know we've found what's at the end of the rainbow,
And it's meant to be, it's meant to be.'

'Someday, someway, somehow',
Brian McKnight

Quando nos pedem para balançarmos as coisas boas e as coisas más da nossa relação seria normal que as coisas boas se sobrepusessem. É quase um facto adquirido que, por mais coisas más que se passem, há sempre uma coisa boa a que nos pudemos – e queremos – agarrar. Mas quando alguém pesa por nós e decide que não, não há mais volta a dar, é o desgaste, é a rotina, é a desilusão sempre constante como aquela nuvem escura nos desenhos animados? Pensamos nos porquês ou simplesmente nos deixamos estar, imóveis, sem palavras e fechamos os olhos com muita força como quem pede para que seja só um sonho mau?...

25 de março de 2008

'Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três já eu começo a ser feliz.'

in O Principezinho,
Antoine de Saint-Exupéry

Com o aproximar das duas décadas de existência, vejo-me na necessidade de fazer um balanço desta minha vida.

Sempre fui uma pessoa calma. Trocava de bom grado as correrias e os arranhões nos joelhos por um livro e uma cadeira de baloiço. Nunca fui dada a grandes amizades, de duração infinita, prendendo-me na maioria das vezes a ‘paixões amigáveis’. Recordo-me, ainda hoje, de algumas amigas que vieram e foram. As feições já estão um bocado turvas mas ainda me lembro das discussões, dos namoricos, dos diz-que-disse. Foi a Ana Lúcia, a Cátia, a Vanessa. Umas tantas. As mãos cheias, talvez. Olhando para trás, consigo-me aperceber que, realmente, fui desabrochando com o tempo. Com as vivências, com pessoas, com o ‘bater com a cabeça’. De tímida e reservada, passei a faladora e extrovertida. De me sentir inferior passei a sentir-me igual a toda a gente. Os preconceitos e os complexos fui perdendo. Aprendi a aceitar a opinião, os outros, as culturas. Aprendi a gostar e a querer conhecer. A escrita acompanhou-me em todo o processo de amadurecimento [e ainda falta tanto para crescer.]. Foi, sem dúvida, a única estabilidade que conheci. Dos amigos de infância, guardo uma. A Sónia. Sempre tão diferentes mas com um coração tão igual. Dos amigos do liceu poucos foram os que ficaram. Uns porque as circunstâncias da vida assim o quiseram. Outros porque do amadurecer faz parte admitir que os outros podem errar mas, mais importante, é reconhecer que também erramos. E o essencial é aprender com aquilo que fizemos menos bem. Ou mesmo mal. Da amiga inseparável do liceu [e de ‘sempre’] e do afastamento, nasceram novas amizades. Das fraquezas fazem-se forças e da necessidade de companheirismo e amizade conhecem-se novas pessoas, novos mundos, novos ‘eus’. Da Jaque as noitadas. Da Diana a paz da alma. Da Bruna e da Dani o prazer de ver o Bem e de fazer o Bem. Da Aninha a força e a amizade. Da Daniela a amizade. Da Madeira o abraço. Do BD as perspectivas. De todos os outros, a alegria.

Encontrei o romance. E perdi-o. E voltei a encontrá-lo. E espero não voltar a fazer nada para o perder. Porque o amor nasce em estado bruto. Não é preciso moldá-lo, é preciso nos moldarmos a ele. E dele retiro os melhores conselhos, retiro a sabedoria para me tornar cada vez melhor. Eduardo, és a minha essência.

Com os vinte anos perto preciso de fazer uma escolha. E a minha escolha é de ser melhor. O melhor que conseguir ser porque já desperdicei muito tempo a ser igual a tantos outros.