12 de maio de 2004

Saquinho de memórias.

Pego num saquinho vazio... Começo a pensar o que vou levar comigo esta noite. Olho fixamente para a estante do meu coração, mordendo o lábio e tocando com o dedo na pontinha do nariz. Sento-me com perninhas à chinês e começo a pensar... Hummm... Pego em todos os teus sorrisos, aqueles que me ofereceste acompanhado com 5 rosas, o outro da rosinha vermelha que secou, aqueles que me ofereceste com um beijinho, pego nos sorrisos que sorrateiramente deixaste escapar enquanto dizes que me amas, nos sorrisos que lançaste ao rio nas nossas tardes no Parque da Cidade, nos sorrisos escancarados que fazes quando te faço cócegas, nos sorrisos que fugiram comigo enquanto eu corria desnorteada só para vires atrás de mim... Pego em todos os teus sorrisos, aqueles que ficaram por sorrir, aqueles que nunca te pedi, aqueles que nunca me negaste, aqueles que me ofereceste e eu adorei.
Continuo na minha busca interminável, revistando incansavelmente todas as memórias perdidas por aqui...
Pego na rosinha vermelha e cuidadosamente, meto-a no saquinho (cheio de sorrisos...).
Hmmm... mordo o lábio que amorosamente desenha um sorriso (aquele sorriso que tu, só tu meu anjo, me consegues desenhar nos lábios). Decido pegar nas palavras que deixamos um pouco por todo o lado... no banco de trás do teu carro, na minha cozinha enquanto cozinhava e me abraçavas, as palavras que murmuraste ao meu ouvido em todas aquelas nossas noites, as palavras que ficaram perdidas numa noite nas Quimicas, as palavras enlouquecidas que gravaste em Quiaios sob a Lua... Tiro uma de cada vez, lembrando-me do sabor de cada uma delas, no arrepio que me deu quando disseste cada uma delas e, com saudades, vou enchendo o saquinho, já tão cheio de tanta coisa que me deste.
Encontro as tuas cartas escondidinhas num cantinho profundo do meu coração... Retiro-as com cuidado para não machucar. Sem as ler, meto-as também no saquinho...
Hoje quero levar tudo o que puder... e guardar tudo, amar tudo de novo, adoçar tudo de novo como se fosse a primeira vez. Quero levar tudo comigo para o meu sonho.
Ops, esqueci-me dos teus beijos... Primeiro, os «beijinhos bons», depois os beijinhos nos lábios, depois os beijos ardentes, os apaixonados, os tristes, os de despedida, os ao acordar, os ao anoitecer, os a meio da noite, os beijos todos, os amarelinhos, os com sabor a chips ahoy, a donuts, a coca-cola, a pastilhas de morango, de menta, a halls... Tantos e, no entanto, ainda tão poucos beijos.
Impaciente enrolo um caracol no dedo pensando que me estou a esquecer de algo importante... Revejo tudo o que tenho no saco... Ah, pego ainda nas lágrimas que ficaram no caminho, nos pedidos enlouquecidos, nos pedidos desesperados que te fiz. Decido guardá-los também... «i didn't mean to break your heart my baby...» mas quero guardar esse pedido para todo o sempre.
Esqueci-me dos teus olhares... os teus olhares cheios de pestanas compridas meu anjo... Lembro-me de cada olhar teu, desde o primeiro (lembraste?...). Quero guardar, guardar todos com um sorriso.
Por fim, pego na tua alma... ela barafusta por estar apertada. Eu mando-a estar quieta. Ela não pára. Faz birra. Senta-se na cadeira e começa a fazer beicinho. Bato o pé. Ela sorri, agarra-me na mão e pede-me baixinho para não a deixar [«Prometes que nunca me deixas?...»].
Sorrio. Parto para o meu sonho... De mão dada com a tua alma, com a mão cheia de tudo.

Obrigada por todos os sorrisos, por todas as palavras, por todas as rosas, por todas as promessas, por todas as lágrimas, por todos os abraços, por todos os mimos, por tudo, tudo tudo tudo que me deste (e que eu espero que continues a dar).
Amo-te, amo-te mais do que alguma vez conseguirei explicar, do que alguma vez conseguirei demonstrar...

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