13 de maio de 2004

Tudo o que temos cá dentro.

«Tinha medo de ficar demasiado perto de ti, do teu amor que adivinhava absoluto, apetecia-me entregar ao silêncio, fugir do perigo que o meu corpo sentia. O nosso destino passava por aquele encontro e eu sabia-o. Não esquecerei nunca a tua firmeza em reter-me, a custo escondida numa doçura que não conhecia em ti.
Por momentos desejei devolver-te um amor assim, ficar contigo e com a claridade (...) que guardavas nos teus olhos, manter-te junto à profundidade do mar. Senti que tinhas percorrido um caminho ao meu encontro (...). Como estavas linda e não conseguia dizer nada, era improvável que conseguisse exprimir o que sentia, por isso deixei crescer a ilusão dentro de mim e fizemos amor no chão da sala, linhas fugidias das luzes da televisão que deixaste acesa a iluminar o teu corpo (...) Vocês devem saber que ela viveu em mim mas partiu, não me quero perder no passado, não desejo que regresses nunca, preciso de esquecer os teus olhos e a tua boca, procurar o fim das palavras, pode ser que um dia o mar nos reúna (...), como tu querias e eu evitava.
(...) se ainda me amas liberta-me (...) perdoa ter fugido (...) esclarece que ao menos por uma noite te fiz feliz...»

Daniel Sampaio
«Tudo o que temos cá dentro»

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