27 de setembro de 2004

Parecia tudo tão real.

Parecia tudo tão real.
O soalho em madeira que rangia com os teus passos, o cheiro a morango das velas que acendíamos à noite enquanto abraçados, sugávamos os pensamentos, absorvíamos os momentos e invadíamos os recantos um do outro. As almofadas muito brancas espalhadas pela cama, a janela escancarada por onde o sol entrava de rompante e se instalava docemente por entre os lençóis ainda quentes de mais uma noite. O cheiro a café acabado de fazer que invadia o nosso mundo.
Parecia tudo tão real.
O tapete de pêlo branco em que eu insistia esfregar os pés mesmo quando tu a sorrir me fazias cócegas para eu parar. As nossas fotografias a preto e branco espalhadas ordeiramente pela sala. Os livros entreabertos que espreitavam da mesinha da sala, o jarro de rosas brancas que me tinhas oferecido.
Parecia tudo tão real.
Nós os dois sentados numas cadeiras a aproveitar o sol da manhã, de mão dada a beber café com leite. A cadela que ensonada se recostava nas minhas pernas, procurando o melhor ângulo do sol.
Parecia tudo tão real.

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